quinta-feira, 28 de junho de 2012

EDUCAÇÃO É A ESSÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


Em ano de Rio+20, a conferência da Organização das Nações Unidas para discutir o desenvolvimento sustentável do planeta, parece que todas as conversas e imagens ficaram com tonalidades verdes.
Com base na experiência da conferência de 1992 na mesma cidade, as importantes perguntas que temos nesse momento, ainda embalados pelo “espírito Rio+20” são:
  1.   Será que todas as palavras, as ideias, as promessas e a determinação apresentadas neste momento sobre construir um futuro sustentável vão durar até surgirem resultados reais e significativos, ou depois que os holofotes da imprensa apontarem para outra notícia a animação inicial dos políticos e da população vai se desintegrar ao colidir com os inevitáveis obstáculos e desafios que compõem o caminho das mudanças exigidas para transformar o modelo de nossa sociedade atual naquele necessário para a sustentabilidade?
  2. Qual o esforço que as pessoas e/ou organizações estão dispostos a fazer, e quais os confortos que estão realmente dispostos a abdicar, em prol das grandes mudanças iniciais necessárias para colocar o planeta em direção do desenvolvimento sustentável?
  3. Qual é a coisa mais importante para criar um novo estilo de vida na humanidade?

As duas primeiras questões acima só serão respondidas pelo tempo. Vamos esperar para ver... E torcer também... E fazer a nossa parte! E isso está ligado diretamente com a resposta para a terceira pergunta.

Todos nós somos tripulantes de uma grande espaçonave azul chamada Terra. Ela tem recursos limitados para sustentar nossas necessidades. Quando vemos os números que expressam as necessidades associadas ao crescimento populacional e comparamos com o acelerado decréscimo da capacidade do planeta em manter o equilíbrio dos seus sistemas e recursos naturais, fica claro que “a conta não fecha”. Em outras palavras, se nada for feito, estamos pavimentando nosso caminho para a extinção.

Pergunto: Afirmamos que os seres humanos são “seres inteligentes”. Será que o nosso comportamento como espécie sobre esse planeta tem confirmado essa afirmação?

Não responda agora...
Olhe para a frente. Precisamos de uma decisão imediata!
É simples assim: não podemos continuar com o nosso estilo de vida, em que uma parte da população do planeta consome recursos percentualmente correspondentes a “várias Terras”, enquanto outra parte vive em condições sub-humanas. Na média mundial, atualmente já consumimos mais recursos do que nosso planeta pode fornecer. Em futuro próximo, se nada for feito, parte da população perecerá e o restante terá que sobreviver em um ambiente cada vez mais hostil para a vida.
É esse o futuro do planeta que sonhamos para nossos descendentes?
Claro que não! Surge a voz uníssona dos mais esclarecidos.

Precisamos de mais competência para pilotar com segurança essa espaçonave azul chamada Terra em direção a um futuro melhor do que as previsões atuais de fome, falta de água, desemprego, epidemias, conflitos e outros “personagens típicos do apocalipse”.

Em termos de constituintes da competência, já temos conhecimento (ciência) e habilidade (tecnologia). Falta-nos, e muito, a atitude correta, a vontade de mudar  nossos comportamentos e hábitos. E isso é difícil, em princípio. Temos medo de “perder” nosso conforto. Compartilhar parece algo injusto a curto prazo. Mas isso é parte das crenças, dos paradigmas que desenvolvemos dentro do modelo de sociedade atual.

Para desenvolver a atitude correta precisamos de duas coisas: compaixão e educação.
Sim, precisamos de mais compaixão. Note que compaixão é diferente de “dó”. Ter compaixão é colocar-se no lugar de outra pessoa. Qualquer um se preocupa com o equilíbrio ambiental quando é atingido por um desastre natural.
Mas é difícil pensar em mudar nossos hábitos para um futuro mais sustentável quando temos tudo o que precisamos no conforto e segurança de nossas casas. A vida está boa assim... para que mudar?
Para esse grupo, a mudança de comportamento começa na conscientização, através de campanhas educativas.

Do outro lado da moeda, coloque-se no lugar de pessoas vivendo nas regiões mais pobres do planeta. É difícil pensar em sustentabilidade de modo geral, quando não temos água ou comida suficientes para “nos sustentarmos” por mais um dia.
Para esse grupo, primeiro é necessário reduzir a pobreza, fornecer educação profissional e empregos. Depois, a ideia de comportamento sustentável pode fazer algum sentido.
De qualquer forma, com muito ou com pouco para viver, não temos escolha. A humanidade precisa mudar e, de maneira interessante, como vimos acima, essa mudança tem que passar, obrigatoriamente, pela educação. Ela está na base da conscientização e na formação de cidadãos produtivos. Mais ainda, está associada diretamente com o desenvolvimento de uma “nova cultura”. Isto é, só através da educação que as novas gerações crescerão com a mente sincronizada com a “atitude sustentável”. Sem sermos forçados pelos desastres, não há outra maneira de mudar, que não seja pela educação.

Agora note o seguinte: o fato de termos grande parte da população em condições péssimas de qualidade de vida, associado à necessidade da cooperação desse grupo para a “sustentabilidade” do planeta, determina que, necessariamente, temos que acoplar o “desenvolvimento” à equação. Ou seja, não existe chance de sustentabilidade sem desenvolvimento e, da mesma forma, não existe futuro no desenvolvimento sem sustentabilidade. Os componentes “social, econômico e ambiental” são completamente associados. Mais do que isso, são “interdependentes” para a verdadeira qualidade de vida, para o verdadeiro “desenvolvimento sustentável”.

Sabendo disso, podemos perguntar: então, qual é a dificuldade para se “chegar lá”?

A resposta é “integração”! Como colocar juntos todas as tecnologias, metodologias e interesses de pessoas e grupos de modo a eficientemente satisfazer o bem estar comum?
Pergunta antiga esta, não é? Até hoje, ao longo da história do ser humano, nunca tivemos uma resposta completa e satisfatória, principalmente sem uma política preparada, justa e honesta.
Bem, agora chegou a hora de respondê-la! A necessidade de mudança nos força a ser mais inteligentes, de verdade, na superfície desse planeta a partir de hoje. A alternativa é a extinção.
Será que conseguiremos? Quem você acha que é responsável por “criar a resposta” SIM para esta pergunta? Pense nisso!

5 comentários:

  1. O senhor tem pontos de vistas interessantes.

    Mas existe uma dúvida prudente:

    Como educar e conscientizar uma pessoa, que hoje tem uma vida plenamente confortável, mas que seus filhos ou netos podem viver num mundo caótico? como fazer para que esta pessoa se dê conta de que abdicar de parte de seu conforto é necessário?

    Gostaria que estas dúvidas me fossem respondidas se possível.

    Muito Obrigado pela atenção.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Fernando,

      Esse ponto levantado por você é realmente um ENORME desafio. Na minha experiência como Coach de desenvolvimento pessoal observo que, de forma geral, as pessoas tendem a ter muito pouca compaixão. Isto é, quando tudo está MUITO bem, até que se preocupam com a situação do planeta e as condições de vida de outras pessoas. Mas basta uma minúscula alteração (problema) na vida pessoal ou profissional para fazê-las voltar o foco totalmente para o "próprio umbigo". Isso é natural resposta ao medo e à ansiedade. Muito difícil de evitar em adultos. Porém, – e essa é a aposta que estamos fazendo no projeto do Eco-estado – é possível criar uma atitude de constante atenção às questões de sustentabilidade através da educação continua, desde a pré-escola, nas crianças e jovens. Esse tipo de educação gera um tipo de "alteração cultural" que refletirá em comportamentos mais adequados para o desenvolvimento sustentável, fazendo com que os futuros adultos continuem a ter compaixão e a manterem comportamento sustentável mesmo enquanto têm problemas pessoais. É como "condicionar" um comportamento que passa a ser natural e essencial (como higiene pessoal e etiqueta social, por exemplo).
      Com isso, esperamos que as futuras gerações tenham mais sucesso que nós no real "desenvolvimento sustentável". As questões são: 1. Será que conseguiremos espalhar esse conceito na educação a um numero adequado de estudantes de todo o mundo? 2. Será que conseguiremos evitar ainda mais destruição do planeta enquanto esperamos essa geração crescer e assumir a direção do planeta?
      As duas questões estão ligadas a existência IMEDIATA de leis mais fortes e inteligentes, que obriguem "as excelências" a instituírem as modificações necessárias na educação, na produção e uso de energia e nas metodologias industriais. Infelizmente, pelo exemplo da Rio+20, isso não vai acontecer, pelo menos em "consenso geral". Então, resta-nos fazer a nossa parte, como cidadãos e instituições voltadas para o setor, e rezar para o planeta aguentar mais um pouco a nossa covardia, a nossa falta de bom-senso e a nossa pouca inteligência como gestores atuais desse planeta.

      Abraço,

      Marcos Pontes

      Excluir
    2. Agradeço-te fortemente pela resposta. Estou feliz por não ter sido ignorado, pois isso era provável e aceitável.

      O projeto do Eco-Estado, tem foco voltado principalmente na educação e também em outras áreas (instalação de tecnologias limpas e etc). Mas existe um problema diretamente ligado às questões 1 e 2 levantadas pelo senhor:

      Levar o projeto do Eco-Estado a um "pequeno" lugar como Roraima é relativamente fácil se comparado a um planeta. Mas e ao mundo? A um país desenvolvido é até compreendível, mas e a um país extremamente subdesenvolvido? Sem dinheiro não pode haver "Eco-País", e as potências mundiais não o doariam sem querer nada em troca. Considero o seu projeto uma maravilha possível, mas extremamente complicada se comparada ao mundo.

      Se tivermos como critério o mundo atual, a resposta da questão 1 e da questão 2 seriam ambas "Não".

      Somos seres humanos inteligentes do ponto de vista tecnológico, mas do ponto de vista ecológico, somos mais burros que jumentos (isto não se aplica a todos os humanos).

      Nossa parte temos sim que fazer, o problema é que todos tem que fazer sua parte. Espero ansiosamente que eu torne-me um adulto para quem sabe eu possa ajudar mais ativamente.

      Acredito que a Rio +20 não foi o suficiente, creio que o projeto do Eco-Estado vá funcionar.

      Muito Obrigado pela atenção.

      Abraço.

      Excluir
  2. Caro Fernando,

    Antes de escolher Roraima para implantar o projeto, analisei muitas possibilidades sob a perspectiva social, economica e ambiental para facilidades, dificuldades e condições de implantação e modelamento para outros lugares do planeta. Roraima despontou como lugar ideal na presente situação.
    Saiba que você JÁ ESTÁ AJUDANDO e que o fato de você ser jovem é para mim uma vitória nessa batalha de conscientizar pessoas sobre sustentabilidade e, de certa forma, mudar a cultura existente. Você e sua geração herdarão o futuro e conto com vocês para levar a bandeira a frente para que o planeta vença essa guerra contra a ignorância atual.

    Muito sucesso!

    Abraço,

    Marcos Pontes

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Agora entendi corretamente. Minhas dúvidas foram sanadas.

      Se a nova geração se unir, vencemos a guerra contra a ignorância sim.

      Muito Obrigado.

      Abraço.

      Excluir

Expresse suas ideias e emoções de forma clara, educada e respeitosa com os outros participantes do blog.