quinta-feira, 14 de julho de 2011

Onde está a bandeira que foi ao espaço?

Nesta semana fui perguntado a respeito do paradeiro da bandeira do Brasil que a Agência Espacial Brasileira enviou ao espaço na Missão Centenário. A resposta é: eu não sei. A última vez que a vi foi em Brasília, na minha primeira visita ao Brasil depois da missão, em abril de 2006. Minha intenção era entregá-la ao Presidente da República durante o evento de recepção e entrega de medalhas que ocorreu naquele dia no Palácio da Alvorada. Mas isso nunca aconteceu. Ela não chegou às minhas mãos na cerimônia.
Algumas horas depois, durante minha visita ao Comandante da Aeronáutica, o Brig. Telles Ribeiro, que era Chefe do Centro de Comunicação Social do Comando da Aeronáutica, me chamou ao seu gabinete com uma surpresa...

A história deste episódio é contada no capítulo 91 do meu livro "Missão Cumprida. A história completa da primeira missão espacial brasileira", onde você poderá encontrar muitas outras histórias que envolveram os bastidores da Missão Centenário.

Aí vai o trecho do livro que conta a história da bandeira:

[Capítulo 91 - Página 383: Livro Missão Cumprida. A História Completa da Primeira Missão Espacial Brasileira.]

Terminada a cerimônia, veio o fato mais inusitado do dia. Brigadeiro Telles me chamou no gabinete dele, dizendo apenas:
Vem cá que eu quero lhe mostrar uma coisa!
Vamos lá. Chegando na sala, ele tirou uma bandeira do Brasil cuidadosamente dobrada da gaveta, estendeu-a sobre a mesa e perguntou:
– Você reconhece isto aqui?
Ao me aproximar e vistoriá-la, vi os carimbos da ISS e as assinaturas... “Caramba, é a bandeira brasileira que a AEB mandou ao espaço!”
Havia duas bandeiras a bordo da Soyuz TMA-8: uma, mais velha e com a estampa dos dois lados, era minha e foi na minha cota de um quilo (era a que estava em minhas mãos quando entrei na Estação Espacial Internacional); outra, nova e estampada somente de um lado, foi a que a AEB enviou nos 15 quilos dela, para ser autografada e autenticada no espaço (estava embalada junto dos experimentos).
– Como isso veio parar aqui, com você? – perguntei, abismado.
– A história é das mais estranhas – revelou Telles. – Lá no Planalto, um soldado da guarda estava com essa bandeira na mão e falou que um civil havia deixado com ele, para segurar.
– Quem entregou a ele? – questionei.
– Ele não sabia. Quando perguntei, disse apenas que “alguém” havia deixado com ele. Não sabia para que era, quem era o civil, nem o que fazer com a bandeira. Só pediu para ele “segurar um pouco”, e era isso que ele estava fazendo. Como não está previsto a um soldado da guarda ficar “segurando uma bandeira” durante o serviço, disse a ele: “Que estranho! Mas me dê aqui que eu resolvo isso”. E saí com a bandeira debaixo do braço, sem saber do que se tratava. Só quando cheguei aqui na minha sala e vi as assinaturas percebi o que era. Ainda bem que não a deixei em algum lugar do caminho, entre tantas outras bandeiras que estavam por lá hoje.
– E agora, o que vai fazer?
– Nada. Vai ficar aqui. Vou esperar para ver se alguém se dá conta da perda da bandeira e resolve sair por aí perguntando.
– Não é melhor avisarmos a AEB?
– Não. Deixe quieto para vermos o que acontece. Vamos “checar” o quanto o pessoal está cuidando das coisas que voltaram do espaço.
E assim foi. Ninguém jamais tocou nesse assunto comigo ou, até onde sei, com qualquer outra instituição ou pessoa. Nenhum responsável foi perguntar nada ao Telles ou ao Comando da Aeronáutica sobre a tal bandeira desaparecida. Sem consultas de “achados e perdidos”, o brigadeiro, meses mais tarde, disse que a mandaria para um museu. Não sei o que aconteceu com ela. Talvez ainda esteja lá no Comando, esperando para ser “descoberta”. 
De uma coisa eu sei: a minha bandeira, velhinha e desbotada, que acompanhou durante todos os anos de treinamento e que estava na minha mão na ISS, ainda está comigo. Está muito bem guardada no cofre de um banco nos Estados Unidos e lá permanecerá até que eu a coloque em um museu à sua altura, dedicado ao que ela representa.
Embora possa até parecer “engraçado” para alguns, o episódio me assustou. Será que os outros itens enviados pelo Brasil ao espaço seriam tratados da mesma maneira? No retorno da missão, além dos resultados dos experimentos e a bandeira perdida, havia na bagagem da agência no Soyuz TMA-7 selos e moedas comemorativas, com grande valor histórico (e comercial) depois de terem sido levadas ao espaço em um voo registrado na história do país. 
Todo aquele material seguiu diretamente da área de resgate no Cazaquistão para a empresa russa ENERGIA em Moscou e depois foi devolvido para alguém responsável da AEB, conforme o vice-diretor do Centro, o cosmonauta Valery Korzun, havia me dito enquanto íamos para o helicóptero, logo após o pouso da cápsula. Isso eu tinha certeza. 
Agora no Brasil, esses itens estariam seguros ou também sofreriam extravio? Lembrei-me do que aconteceu com a Taça Jules Rimet, que o Brasil conquistou na Copa de Futebol de 1970. Fiquei muito preocupado, mas não havia muito tempo para refletir sobre o que fazer naquele momento.
Era mais um episódio bizarro na longa série de eventos que enfrentaria depois do meu retorno à Terra. Descansei um pouco no Hotel de Trânsito da Base Aérea de Brasília e, no dia seguinte, pela manhã, o EMB-145 me levaria de volta a minha cidade: Bauru.

Gostar de si mesmo é essencial

Ninguém pode ser feliz buscando ser a cópia de outra pessoa ou tentando ser apenas o que a "moda" dita sobre o que é "atual" na maneira de se vestir e comportar-se.
Triste é perceber que muitas pessoas fazem exatamente isso. Esquecem-se que são indivíduos especiais, que cada um de nós é um ser maravilhoso com qualidades e defeitos que nos fazem únicos.
No capítulo 2 do livro "É Possível!", falamos sobre esse medo de "ser você mesmo" e da tendência de tentar, a qualquer custo, ser aquilo que os outros acham interessante.
O que você acha disso? Como suportar essa pressão e expressar o que existe de maravilhoso dentro de você?