Em ano de
Rio+20, a conferência da Organização das Nações Unidas para discutir o
desenvolvimento sustentável do planeta, parece que todas as conversas e imagens
ficaram com tonalidades verdes.
Com base na
experiência da conferência de 1992 na mesma cidade, as importantes perguntas
que temos nesse momento, ainda embalados pelo “espírito Rio+20” são:
- Será que todas as palavras, as ideias, as promessas e a determinação apresentadas neste momento sobre construir um futuro sustentável vão durar até surgirem resultados reais e significativos, ou depois que os holofotes da imprensa apontarem para outra notícia a animação inicial dos políticos e da população vai se desintegrar ao colidir com os inevitáveis obstáculos e desafios que compõem o caminho das mudanças exigidas para transformar o modelo de nossa sociedade atual naquele necessário para a sustentabilidade?
- Qual o esforço que as pessoas e/ou organizações estão dispostos a fazer, e quais os confortos que estão realmente dispostos a abdicar, em prol das grandes mudanças iniciais necessárias para colocar o planeta em direção do desenvolvimento sustentável?
- Qual é a coisa mais importante para criar um novo estilo de vida na humanidade?
As duas
primeiras questões acima só serão respondidas pelo tempo. Vamos esperar para
ver... E torcer também... E fazer a nossa parte! E isso está ligado diretamente
com a resposta para a terceira pergunta.
Todos nós somos
tripulantes de uma grande espaçonave azul chamada Terra. Ela tem recursos
limitados para sustentar nossas necessidades. Quando vemos os números que
expressam as necessidades associadas ao crescimento populacional e comparamos
com o acelerado decréscimo da capacidade do planeta em manter o equilíbrio dos seus
sistemas e recursos naturais, fica claro que “a conta não fecha”. Em outras
palavras, se nada for feito, estamos pavimentando nosso caminho para a
extinção.
Pergunto: Afirmamos
que os seres humanos são “seres inteligentes”. Será que o nosso comportamento
como espécie sobre esse planeta tem confirmado essa afirmação?
Não responda
agora...
Olhe para a
frente. Precisamos de uma decisão imediata!
É simples assim:
não podemos continuar com o nosso estilo de vida, em que uma parte da população
do planeta consome recursos percentualmente correspondentes a “várias Terras”,
enquanto outra parte vive em condições sub-humanas. Na média mundial,
atualmente já consumimos mais recursos do que nosso planeta pode fornecer. Em
futuro próximo, se nada for feito, parte da população perecerá e o restante
terá que sobreviver em um ambiente cada vez mais hostil para a vida.
É esse o futuro
do planeta que sonhamos para nossos descendentes?
Claro que não!
Surge a voz uníssona dos mais esclarecidos.
Precisamos de
mais competência para pilotar com
segurança essa espaçonave azul chamada Terra em direção a um futuro melhor do
que as previsões atuais de fome, falta de água, desemprego, epidemias, conflitos
e outros “personagens típicos do apocalipse”.
Em termos de
constituintes da competência, já temos
conhecimento (ciência) e habilidade (tecnologia). Falta-nos, e
muito, a atitude correta, a vontade
de mudar nossos comportamentos e
hábitos. E isso é difícil, em princípio. Temos medo de “perder” nosso conforto.
Compartilhar parece algo injusto a curto prazo. Mas isso é parte das crenças,
dos paradigmas que desenvolvemos dentro do modelo de sociedade atual.
Para desenvolver
a atitude correta precisamos de duas coisas: compaixão e educação.
Sim, precisamos
de mais compaixão. Note que
compaixão é diferente de “dó”. Ter compaixão é colocar-se no lugar de outra
pessoa. Qualquer um se preocupa com o equilíbrio ambiental quando é atingido
por um desastre natural.
Mas é difícil
pensar em mudar nossos hábitos para um futuro mais sustentável quando temos
tudo o que precisamos no conforto e segurança de nossas casas. A vida está boa
assim... para que mudar?
Para esse grupo,
a mudança de comportamento começa na conscientização, através de campanhas educativas.
Do outro lado da
moeda, coloque-se no lugar de pessoas vivendo nas regiões mais pobres do
planeta. É difícil pensar em sustentabilidade de modo geral, quando não temos
água ou comida suficientes para “nos sustentarmos” por mais um dia.
Para esse grupo,
primeiro é necessário reduzir a pobreza, fornecer educação profissional e empregos. Depois, a ideia de comportamento
sustentável pode fazer algum sentido.
De qualquer
forma, com muito ou com pouco para viver, não temos escolha. A humanidade
precisa mudar e, de maneira interessante, como vimos acima, essa mudança tem
que passar, obrigatoriamente, pela educação. Ela está na base da
conscientização e na formação de cidadãos produtivos. Mais ainda, está
associada diretamente com o desenvolvimento de uma “nova cultura”. Isto é, só
através da educação que as novas gerações crescerão com a mente sincronizada
com a “atitude sustentável”. Sem sermos forçados pelos desastres, não há outra
maneira de mudar, que não seja pela educação.
Agora note o
seguinte: o fato de termos grande parte da população em condições péssimas de
qualidade de vida, associado à necessidade da cooperação desse grupo para a
“sustentabilidade” do planeta, determina que, necessariamente, temos que
acoplar o “desenvolvimento” à equação. Ou seja, não existe chance de
sustentabilidade sem desenvolvimento e, da mesma forma, não existe futuro no
desenvolvimento sem sustentabilidade. Os componentes “social, econômico e
ambiental” são completamente associados. Mais do que isso, são “interdependentes”
para a verdadeira qualidade de vida, para o verdadeiro “desenvolvimento
sustentável”.
Sabendo disso,
podemos perguntar: então, qual é a dificuldade para se “chegar lá”?
A resposta é
“integração”! Como colocar juntos todas as tecnologias, metodologias e interesses
de pessoas e grupos de modo a eficientemente satisfazer o bem estar comum?
Pergunta antiga
esta, não é? Até hoje, ao longo da história do ser humano, nunca tivemos uma
resposta completa e satisfatória, principalmente sem uma política preparada,
justa e honesta.
Bem, agora
chegou a hora de respondê-la! A necessidade de mudança nos força a ser mais
inteligentes, de verdade, na superfície desse planeta a partir de hoje. A
alternativa é a extinção.
Será que
conseguiremos? Quem você acha que é responsável por “criar a resposta” SIM para
esta pergunta? Pense nisso!